(DES)ATENÇÃO

É só parvoíces, palermices, burrices, tolices, patetices, camelices, tontices e outras coisa terminadas em “ices”. Assuntos que merecem a nossa (Des)atenção. Tomar uma vez ao dia.

Este blog não dispensa a consulta do prospecto caso os sintomas permaneçam deverá consultar o seu médico ou farmacêutico.

Hoje despeço-me com um poema de Laurindo Rabelo, para muitos um ignorado mas que, para um intelectual como eu, não tem segredos. Tente não rir, a poesia é algo de muito sério. Uma boa noite para todos os meus amigos e restante ralé.


"As Rosas do Cume"



No cume daquela serra

Eu plantei uma roseira

Quanto mais as rosas brotam

Tanto mais o cume cheira


À tarde, quando ao sol posto

O vento no cume beija

Vem travessa borboleta

E as rosas do cume deixa


No tempo das invernias

Que as plantas do cume lavam

Quanto mais molhadas eram

Tanto mais no cume davam


Quando cai a chuva fina

Salpicos no cume caiem

Abelhas no cume entram

Lagartos do cume saem


Mas, se as águas vêm correndo

O sujo do cume limpam

Os botões do cume abrem

As rosas do cume brincam


Tenho, com certeza agora

Que no tempo de tal rega

Arbusto por mais mimoso

Plantado no cume, pega


E logo que a chuva cessa

Ao cume leva alegria

Pois volta a brilhar depressa

O sol que no cume abria


À hora de anoitecer

Tudo no cume escurece

Pirilampos do cume brilham

Estrelas no cume aparecem


E quando chega o Verão

Tudo no cume seca

O vento o cume limpa

E o cume fica careca


Vem, porém, o sol brilhante

E seca logo em catadupa

O mesmo sol, a terra abrasa

E as águas do cume chupa


As rosas do cume espreitam

Entre as folhagens d'além

Trazidas da fresca brisa

Os cheiros do cume vêm


E quando chega o Inverno

A neve no cume cai

O cume fica tapado

E ninguém ao cume vai


No cume dessa montanha

Tem um olho de água à beira

É uma água tão cheirosa

Que a multidão ansiosa

O olho do cume cheira.

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