(DES)ATENÇÃO

É só parvoíces, palermices, burrices, tolices, patetices, camelices, tontices e outras coisa terminadas em “ices”. Assuntos que merecem a nossa (Des)atenção. Tomar uma vez ao dia.

Este blog não dispensa a consulta do prospecto caso os sintomas permaneçam deverá consultar o seu médico ou farmacêutico.

Meus Amigos, a vós, eu me confesso, vendi "banha da cobra". É vero, passavam os primeiros anos da década de 80, o verão era em terras da Beira Alta, mais propriamente na cidade, então vila, de nome Tondela. Agosto, os emigrantes invadiam aldeias desertas do nosso Portugal, tornando-as em autênticas estâncias balneares rurais, com as suas modernas casas, de gosto duvidoso, com azulejos furtados do Aqueduto das Águas Livres. Nos rádios os "Tios João" da vida dão as boas vidas com hinos da música pimba, ai saudoso Dino Meira. Á segunda-feira era dia de feira e parqueava, junto ao casarão de minha avô, um personagem que gritava no seu megafone, o anúncio que despertou a minha curiosidade infantil, trazia consigo um bebé com duas cabeças, e ia mostra-lo aos que pela feira se passeavam, mas antes, sem compromisso, "vejam este Creme Milagroso, cura desde dos males da alma ao hemorroidal, do herpes as dores nas costas.". Num pequeno frasco, que cabia nas minhas pequenas mãos, estava uma farmácia inteira. Eu, movido pela curiosidade, dei por mim a passar de mão em mão, aquele fármaco milagroso, ganhando alguns tostões por cada um vendido. Mas não era o dinheiro que me fazia andar naquelas andanças, era a curiosidade mórbida de ver em estreia o tal bebé de 2 cabeças, era ele que me tirava o sono e me fazia saltar da cama, todas as segundas daquele Agosto. Mas o Verão passou, ganhei alguns tostões, mas o bebé, que agora sei não existir, nunca saiu da Ford Transit. É vero, vendi "banha da cobra".

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